Adesivos invadem as farmácias e já tratam até Parkinson
Com a evolução da medicina, outros medicamentos passaram a ser administrados através da pele.
Anticoncepcionais e analgésicos em forma de adesivos já são realidade há tempos. Com a evolução da medicina, outros medicamentos passaram a ser administrados através da pele, em substituição a pílulas e injeções. O mais recente a chegar ao mercado brasileiro é a rotigotina, usada no tratamento da doença de Parkinson. Pessoas que sofrem de Alzheimer também já contam com uma opção de terapia transdérmica, enquanto diabéticos ainda esperam que inovações do tipo, usadas em pesquisas clínicas, sejam liberadas para venda.
Fabricada pelo laboratório UCB, a rotigotina pertence à classe dos agonistas dopaminérgicos — age sobre receptores do neurotransmissor dopamina no sistema nervosos central, melhorando o controle de movimentos. O adesivo (patch) deve ser aplicado sobre a pele limpa, seca e saudável dos ombros, braços e abdômen e trocado a cada 24 horas.
A droga pode ser usada tanto na fase inicial quanto em estágios mais avançados de Parkinson. Apesar da vantagem de não passar pelo trato gastrointestinal, o que elimina o risco de náuseas, o medicamento não é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e tem preço salgado: uma caixa com 28 adesivos pode custar de R$ 292 a R$ 585, em média, dependendo da concentração do princípio ativo.
Segundo a neurologista Anelyssa D’Abreu, a rotigotina só está disponível em patch, mas outros agonistas dopaminérgicos que podem ser administrados via oral estão disponíveis na rede pública.
— É bom ter opções (de medicamentos) para que se possa buscar a melhor para o paciente. Cada caso precisa ser avaliado pelo neurologista — diz a médica, responsável pelo serviço de Distúrbio do Movimento do Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Outras vantagens dos adesivos, de acordo com a neurologista, é o aumento da adesão ao tratamento devido à maior comodidade.
— Pacientes com dificuldade para engolir também podem se beneficiar desse tipo de tratamento. Na doença de Parkinson, estudos com o patch mostraram melhora da função motora tanto durante o dia quanto à noite, melhora da qualidade do sono e alívio da dor — afirma Anelyssa D’Abreu. — A doença de Alzheimer já pode ser tratada com o adesivo de rivastigmina.
Nova forma de monitorar o diabetes
Para o tratamento do diabetes, estão sendo testados em pesquisas clínicas adesivos de insulina, capazes de detectar os níveis de glicemia e liberar, de forma lenta e contínua, a quantidade do hormônio necessária ao paciente.
— Quando forem liberados para uso, eles substituirão as aplicações subcutâneas de insulina, essenciais para o metabolismo da glicose — diz a endocrinologista Anna Gabriela Fuks, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes - Rio de Janeiro.
Além disso, o patch em estudo eliminará a necessidade da monitorização da glicemia (exame feito diversas vezes ao dia, pelo paciente). Segundo a médica, ele está indicado, preferencialmente, para pessoas com diabetes tipo 1:
— Medicamentos em forma de adesivos representam uma revolução porque dão uma melhor qualidade de vida aos pacientes.
Fonte: Correio do Estado – Mato Grosso do Sul