Não é bom ser gordo. Nem gordinho, nem fofinho e nem obeso. E antes que você pense que estamos nos referindo à busca incansável pela forma física perfeita, imposta pelos padrões estéticos da sociedade e da mídia, nos antecipamos em lembrá-lo que a obesidade e o excesso de peso estão entre as causas de inúmeros problemas de saúde. E se você tem filhos, é bom ficar mais atento ainda, pois a obesidade infantil é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) uma verdadeira epidemia global.
Para além do preconceito que as crianças obesas enfrentam simplesmente por fugirem de um padrão, por trás de uma criança “fofinha” pode haver sérias complicações e doenças que aparecem não só na infância, mas principalmente na vida adulta, podendo diminuir em até 5 anos a expectativa de vida delas.
De acordo com a Dra. Valéria Carla Morais Di Ferreira Pinho (CRM-GO 15.212), médica Endocrinologista e Metabologista credenciada à POSTAL SAÚDE em Goiânia/GO, estudos realizados em algumas cidades brasileiras mostram que o sobrepeso e a obesidade já atingem cerca de 30% das crianças e adolescentes. Dados do IBGE afirmam que 47,6% das crianças na faixa de 5 a 9 anos estão acima do peso.
A médica explica que fatores genéticos, fisiológicos e metabólicos são importantes na formação da obesidade e em sua incidência ainda na infância, mas destaca que a principal explicação do crescente aumento do número de crianças obesas está mais relacionada ao estilo de vida e aos hábitos alimentares.
“O aumento exagerado do consumo de alimentos ricos em gordura e com alto valor calórico, associado ao sedentarismo, com redução da prática exercícios e o excesso de atividades como assistir televisão, jogar vídeo games e computadores, entre outros”, destaca Valéria.
Do aumento do colesterol à depressão
Os principais riscos para a criança obesa são: elevação dos triglicerídeos, colesterol, hipertensão arterial, intolerância à glicose, diabetes mellitus tipo 2, considerados fatores de risco para doenças cardiovasculares, diz a médica, que que completa com outros problemas como puberdade precoce, comprometimento do crescimento, alterações ortopédicas e dermatológicas. “O fator psicológico também se destaca, a partir do momento que a criança obesa é alvo frequente de bullying, podendo levar à baixa autoestima e até mesmo à depressão”, afirma a endocrinologista.
Algumas complicações da obesidade na infância:
Asma e Apneia do sono
Problemas ortopédicos
Disfunção do fígado devido ao acúmulo de gordura
Acne
Assaduras e dermatites
Enxaqueca
Depressão
Amamentação, rotina e conhecimento dos alimentos
Valéria reforça que, de acordo com dados da literatura, o consumo exclusivo do leite materno de 4 a 6 meses de vida é fator protetor contra a obesidade.
Para a Dra. Ana Serique, nutricionista graduada pela Universidade de Brasília e pós-graduanda em Fitoterapia Nutricional, após esse período de aleitamento materno exclusivo, crianças a partir dos seis meses já devem apresentar uma rotina alimentar com horários fixos e alimentos adequados para a idade. “Os hábitos saudáveis são formados desde a primeira infância, pois o que ela aprender nessa fase, irá seguir quando adulta”, diz.
“A partir dos seis meses, é importante que a criança comece a conhecer os alimentos. Nessa idade o bebê já possui muita curiosidade, e apresentar novos alimentos fará com que ela se familiarize com o cheiro, a textura e o sabor de cada um, e quando vai crescendo, embora não entenda as propriedades nutricionais desses alimentos, já saberá, em sua linguagem, o que faz bem e o que faz mal, o que faz crescer e o que faz deixar fraco”, diz Ana.
Envolvimento da família e da escola
A nutricionista destaca que os hábitos familiares ajudam a criança a ter uma alimentação mais equilibrada. “A refeição à mesa auxilia a criança a seguir o mesmo padrão alimentar dos pais por meio da observação e da repetição. Nesse caso, os pais devem servir de exemplo, apresentando uma alimentação saudável e balanceada”, diz.
Ela explica ainda que alimentar-se à mesa previne que a criança perca a noção do que está comendo por estar com a atenção direcionada a outros eventos, como televisão e videogames. “Esse hábito previne que ela consuma além do necessário e evita a ocorrência de um possível ganho de peso”.
“Outro fator importante é o envolvimento da escola”, diz a Dra. Valéria. “As escolas podem fazer mudanças concretas e positivas nos padrões alimentares, oferecendo alimentos saudáveis nas cantinas e criando condições para a realização de atividade física durante o horário escolar”.
Prato colorido?
“Prato colorido é sinônimo de prato nutritivo!”, diz a nutricionista. As cores dos alimentos são decorrentes do tipo e conjunto de nutrientes que eles apresentam. Consumir somente vegetais laranjas, por exemplo, impossibilitará que você absorva também os nutrientes dos vegetais verdes ou vermelhos.
Vai uma dica aos pais e futuros pais: utilize os sucos dos vegetais para colorir preparações pálidas como arroz, batatas, tapioca, couve-flor, massas, pães, biscoitos caseiros, aves e peixes. Isso aumenta o valor nutricional dos alimentos e atiça a criatividade e curiosidade das crianças.
Dicas para os papais
Crianças nascem com maior afinidade ao sabor doce para que naturalmente aceitem o gosto adocicado do leite materno. Já o alimento industrializado atrai os paladares infantis devido à presença de realçadores de sabor. Eles não são a melhor opção, pois possuem excesso de sódio, gordura e substâncias artificiais.
Inicie a introdução alimentar com os alimentos salgados em sua essência (sem adicionar temperos), para que a criança se habitue ao novo sabor, pois ao iniciar com frutas doces, ela apresentará dificuldade em aceitar o salgado por já ter conhecido um sabor muito atrativo.
A fase da introdução alimentar é uma fase que necessita de 100% de dedicação e persistência dos pais e cuidadores, pois é a fase em que se promove ou não hábitos saudáveis para os futuros adultos.
Como saber quando a criança precisa de ajuda?
Os pais não devem hesitar em procurar as orientações de um profissional. “As crianças devem fazer acompanhamento regular com o pediatra, que poderá encaminhá-las para outros profissionais como, endocrinologistas, nutrológos e nutricionistas, que irão realizar a avaliação diagnóstica necessária e auxiliar a criança e a família quanto ao tratamento mais adequado”, diz a Dra. Valéria.
Para evitar a obesidade de seu filho, você deve:
Controlar o ganho de peso ainda na gestação
Estimular a prática de atividades físicas aos pequenos
Diminuir o tempo de TV e vídeo game
Oferecer alimentos saudáveis (para a família inteira)
Manual de alimentação saudável
O novo “Guia alimentar para a população brasileira”, lançado em novembro do ano passado pelo Ministério da Saúde com a colaboração técnica do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (USP), é voltado para a população em geral e inova ao tratar de alimentação levando em conta não apenas aspectos técnicos de nutrição, mas também os fatores sociais e culturais envolvidos nas refeições.
189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira.pdf
Fonte: https://www.postalsaude.com.br/blog/obesidade-infantil-uma-epidemia-mundial
Acessado em 02/07/15