Por razões genéticas, nem todo paciente reage a um tratamento médico da mesma forma. É por isso que os médicos estão aderindo à medicina personalizada, um conjunto de técnicas que, com a ajuda da tecnologia da informação (TI), mapeiam o DNA do paciente e do tumor para identificar a forma mais adequada de curar o câncer e outras doenças complexas.
“É muito complexo analisar uma grande massa de genes ao mesmo tempo. Mas, hoje, conseguimos utilizar algoritmos complexos para analisar sequências inteiras de DNA e descobrir a natureza da enfermidade em questão de dias”, comenta Mariano Zalis, diretor de pesquisa & desenvolvimento da Progenética, laboratório de medicina personalizada do Grupo Hermes Pardini.
Por mês, o centro realiza uma média de 600 diagnósticos de alta precisão em especialidades como a cardiologia e a endocrinologia.
Usando computadores para calcular sequências genéticas, os laudos genéticos são feitos em questão de dias. Com a economia de tempo, os pacientes ganham mais tempo para se recuperar.
Ao pesquisar as características de mutação de um tumor, é possível detectar quais os medicamentos mais eficazes para o tratamento. “Com uma terapia-alvo, pode-se aplicar mais inibidores de proteínas ligadas ao crescimento celular (do tumor). Não é uma quimioterapia convencional, mas um tratamento mais assertivo, que age diretamente na enfermidade”, descreve Zalis.
Na Allvo, que também trabalha com diagnósticos de medicina individualizada, o farmacêutico bioquímico Marcos Valério Zschornack conta que um dos casos de sucesso foi concretizado graças ao mapeamento genético. Um câncer de seis meses de um paciente masculino começou a se reduzir depois da aplicação de um medicamento inesperado.
“Depois de analisar o tumor, vimos que o medicamento mais indicado era para câncer de ovário. Os resultados do mapeamento mostravam que o paciente teria maior sensibilidade a esse tratamento, tanto que, depois da aplicação, o câncer diminuiu pela metade.”
Uma das vantagens que a tecnologia trouxe para a medicina de precisão é o alcance maior dos diagnósticos. Descobrir uma patologia envolve a identificação de não apenas um tipo de gene, mas painéis inteiros, segundo Zschornack.
Como exemplo, Zschornack aponta para os problemas trombofílicos, responsáveis por causar a coagulação dentro dos vasos sanguíneos. “Ao fazer exames comuns, se veem resultados isolados. Mas, se eles forem feitos em laboratórios de excelência, mais informações são coletadas de forma associada, o que traz novos dados para o médico.”
Outra vantagem apontada por Zalis é a diminuição de custos. “A economia é brutal, pois os gastos com remédios e exames são reduzidos.” A medicina personalizada é usada para tratar diversas formas de câncer, mas suas aplicações estão se disseminando pelas áreas cardíaca e psiquiátrica. “Investigando as origens de uma demência, pode-se concluir se é Alzheimer ou não”, exemplifica Zschornack.
Com mapeamento genético, também será possível identificar as predisposições dos pacientes para doenças crônicas, como infartos e diabetes. “Os impactos financeiros dos tratamentos serão minimizados”, destaca Zalis. “E tratamentos que não existem hoje podem ser desenvolvidos a partir da medicina personalizada. A chave é buscar sempre o máximo de informações possíveis”, diz Zschornack.
Fonte: Site InfoExame Data: 25/11/2014