Blanver vai fornecer remédios para Aids

O laboratório nacional Blanver vai fornecer para o governo federal dois medicamentos indicados para o tratamento da Aids no início de 2013, apurou o Valor. Esses medicamentos serão produzidos com insumos 100% nacionais. O primeiro deles, chamado "2 em 1", é a combinação do Tenofovir 300 mg com o Efavirenz 300 mg. O segundo, o "3 em 1", reúne as drogas antirretrovirais Tenofovir, Lamivudina 300 mg e o Efavirenz 600 mg. A combinação de mais de um medicamento em apenas um comprimido facilita a administração do produto e pode aumentar a adesão ao tratamento.

Atualmente, os pacientes atendidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde) já recebem esses medicamentos, mas em doses individuais. Desde 2011, a Blanver fornece a versão genérica do Tenofovir para o governo federal, com a utilização de insumos produzidos no Brasil. Esse medicamento também é indicado para tratar a hepatite B.

Esse projeto foi conduzido por meio da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), no qual a Blanver firmou acordo de transferência de tecnologia com os laboratórios do governo federal Fiocruz/Farmanguinhos e a Funed, vinculada ao governo de Minas Gerais. O governo federal tem apoiado esse tipo de iniciativa, que prevê uma economia de R$ 2,5 bilhões ao nacionalizar a produção de medicamentos. Até o momento, há cerca de 50 acordos nesse sentido.

A expectativa é que o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, faça amanhã o anúncio dessa nova parceria, prevista para ocorrer na Fiocruz, no Rio de Janeiro. O dia 1º de dezembro é emblemático por ser o Dia Mundial de Combate à Aids. Procurados, o governo e a Blanver não comentam o assunto. Os primeiros lotes desses medicamentos vão ser entregues a partir do início do próximo ano. O laboratório ainda depende da autorização dos registros desses produtos na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A Blanver não é exatamente produtora de medicamentos. Fundada há 30 anos, a empresa é especializada na produção de excepientes - insumos que contemplam todos os itens de um comprimido, exceto o princípio ativo. A companhia também terceiriza a produção de medicamentos para farmacêuticas. A decisão de produzir medicamentos foi tomada há pelo menos três anos, quando o Ministério da Saúde anunciou programa de estímulo a farmacêuticas nacionais para transferência de tecnologia. (Manchetes)

Fonte: Valor Econômico – São Paulo
Mônica Scaramuzzo | De São Paulo