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Médico britânico especializado em cabelos conta o que é possível fazer para evitar que uma pessoa estressada fique careca.
Para quem teme ficar careca, ele é o cara: o britânico David Salinger, 65, preside a Associação Internacional dos Tricologistas, entidade que pesquisa e aprova novos tratamentos para cabelos.
Ele esteve em São Paulo participando de congresso e falando sobre a relação entre estresse e perda de cabelos.
A tensão causa, sim, calvície, mas, ao contrário da calvície de origem genética, é reversível, diz o especialista.
Folha - Qual é a ação do estresse nos cabelos?
David Salinger - Um dos efeitos é o aumento de noradrenalina, neurotransmissor que interrompe o crescimento do cabelo. Além disso, alterações no sistema imunológico causam inflamações no couro cabeludo, o que afeta o nascimento de novos fios.
O que pode ser feito para evitar ou reduzir essa queda?
Eu uso suplementação de tirosina, um aminoácido que reduz inflamações e diminui a concentração de noradrenalina no couro cabeludo, fazendo os fios voltarem aos ciclos normais de nascimento, crescimento e queda.
O tratamento é demorado?
Se não houver outra causa além do estresse, depois de dois ou três meses a queda diminui e novos fios crescem.
Vale a pena usar como prevenção, para evitar a queda?
Não. Normalmente, o próprio corpo produz a tirosina de que precisa. No tratamento, uso suplementos de um grama duas vezes ao dia, por uns quatro meses. Depois, se o estresse estiver controlado, paro com a suplementação.
Há contraindicações?
Não pode ser usado por quem tem epilepsia ou está tomando antidepressivos.
Complexos vitamínicos para fortalecer cabelos funcionam?
Só se houver deficiência nutricional específica. Na mulher, a mais comum é de ferro. No homem, zinco e magnésio.
Quais são as novidades em tratamentos de calvície?
Uma terapia promissora usa o plasma rico em plaquetas, retirado do sangue do paciente, em injeções no couro cabeludo. Mas ainda não sabemos o que vai acontecer com esses pacientes daqui a cinco anos. Suplementos de melatonina [hormônio que regula o sono] também têm sido usados com sucesso.
Hoje vemos homens mais jovens já carecas e mais mulheres sofrendo perda de cabelos.
O sr. atribui isso ao estresse?
Seria uma explicação fácil, mas há outras causas. Nos homens, a principal causa de calvície é ligada a hormônios e determinada por genes dominantes. Quando um traço genético é dominante, o número de pessoas com a característica aumenta com o tempo. Outro fator que faz com que a perda de cabelos comece mais cedo é o uso de hormônios: certos anticoncepcionais, anabolizantes...
O estresse também acelera o surgimento de fios brancos?
Sim, porque afeta o sistema imunológico, que produz mais leucócitos [células brancas do sangue] para o corpo lutar contra infecções. Os leucócitos também atacam as células-tronco dos pigmentos nos folículos.
Tem conserto?
A tirosina ajuda a produzir pigmentos. Vitaminas D e do complexo B também.
Qual a dica para não ficar careca antes da hora?
Meu conselho é não gastar muito dinheiro com isso. Algumas coisas podem até ajudar, mas, se o problema for de origem genética, nada é garantido. E ficar gastando fortunas em tratamentos capilares só aumenta o estresse.
Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO – SP
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