NOVA DROGA MATA 30% DOS USUÁRIOS NO PRIMEIRO ANO
Mais destrutivo e viciante do que o crack, o oxi chegou à cracolândia de São Paulo. As pedras, que são vendidas por R$ 2, um quinto do preço do crack, matam um terço dos viciados já no primeiro ano de uso. Especialistas dizem que a nova droga deve agravar ainda mais os problemas de saúde pública na Luz, região central, onde centenas de dependentes químicos vagam dia e noite.
As pedras de oxi são feitas de pasta base de cocaína acrescida de cal virgem, querosene ou gasolina, ingredientes mais baratos e corrosivos do que o bicarbonato de sódio e o amoníaco, que compõem o crack. Segundo especialistas, assim como o crack, o oxi é capaz de viciar nas primeiras vezes em que é consumido.
Entre os dependentes que circulam pela cracolândia, o oxi é conhecido como “a pedra de R$ 2”. O comércio de drogas nas proximidades da Estação Júlio Prestes é livre, a qualquer hora do dia ou da noite, como em uma feira livre com mais de 150 pessoas. As pedras de R$ 2 surgem em pequena quantidade nas mãos dos traficantes, que também são usuários e fazem a venda para sustentar o próprio vício.
Na Rua Helvétia, há também uma feira do rolo, onde viciados negociam roupas usadas, tênis, produtos eletrônicos e até objetos sem valor aparente em um escambo frenético, sempre tendo a obtenção das pedras como objetivo final. Lá, o oxi é oferecido aos gritos de “pedra de R$ 2!”. A droga é uma opção ao crack, cuja pedra custa R$ 10 e permanece no topo da preferência dos dependentes da região.
As apreensões realizadas na cracolândia ainda não foram capazes de detectar o oxi, mais por questão de método do que por falta da droga no mercado. “No exame do Instituto de Criminalística, dá positivo para cocaína. Como é em pedra, fica caracterizado como crack, mas também pode ser oxi”, afirma o diretor da Divisão de Educação e Prevenção do Departamento de Narcóticos da Polícia Civil (Denarc), Reinaldo Correa.
A partir de agora, as pedras apreendidas serão testadas também para oxi. Há indícios de que 60 quilos de crack apreendidos em março na capital sejam, na verdade, oxi. Amostras foram queimadas e restou óleo, característica da nova droga.
RASTRO
Nas ruas, o oxi deixa um rastro degradante, que começa pelos resíduos de querosene nos cachimbos e avança até o vômito e a diarreia persistentes, algumas das diferenças em relação aos efeitos do crack. “Causa um isolamento e eles [os dependentes] têm ‘barato’ até na própria sujeira”, diz Correa.
TOLERÂNCIA
Psiquiatra critica omissão de autoridades.
Psiquiatra especialista em dependência química, Ronaldo Laranjeira critica a forma como as autoridades têm tolerado a existência da cracolândia, o novo território do oxi, bem no centro de São Paulo.
“Por que a cidade, 15 anos depois, ainda não conseguiu fazer um programa para tirar esses usuários de drogas da rua? A prefeitura ainda insiste na minimização dos danos. Não poderia ser tolerado o uso de crack na ruas, porque isso é a legalização de fato”, afirma.
O especialista diz que os usuários de crack não têm discernimento suficiente para buscar ajuda por conta própria. “Pergunte para as famílias o que gostariam que se fizesse. Elas diriam para internar, pelo amor de Deus.”
A prefeitura diz que a área de saúde mental vem recebendo investimentos desde 2005 para implementar uma política de atenção integral à pessoa com transtorno mental, incluindo usuários de álcool e drogas.
O delegado Kleber Altale diz que a Polícia Civil atua no combate ao tráfico na cracolândia e realiza, em média, 35 flagrantes diários de pessoas com envolvimento direto ou indireto no tráfico. A Polícia Militar afirma que a região citada pela reportagem é alvo de “atenção especial” do comando de policiamento, com operações frequentes.
IMPACTO NA SAÚDE
Os serviços de saúde pública deverão sentir em breve o impacto da chegada do oxi. “Acredito que será necessário um investimento maior no tratamento dos usuários. Ela estraga o fígado e os remédios para cuidar desse órgão são de alto custo. Se não for feita essa prevenção, esse vai ser um gasto muito elevado para a sociedade”, diz Reinaldo Correa, do Denarc.
Psiquiatra e diretora do Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod), órgão ligado à Secretaria de Estado da Saúde, Marta Jezierski diz que ainda não se deparou com usuários de oxi. Ela se baseia na atenção ao crack. “O tratamento é complexo. Não é uma infecção bacteriana. É a reabilitação psicossocial. Precisa conversar com o indivíduo. A droga atinge os mais variados perfis, mas depois fica todo mundo igual.”
Fonte: 01/05/2011 - Gazeta do Povo - Curitiba
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